sexta-feira, agosto 04, 2006

dessa vez.

Uma vez a cada seis meses, ele se lembra da minha remota existência. Como não gosta de ruminar lembranças, ele retorna, bate de leve a poeira e senta-se naquela poltrona querida, no canto da sala. Não faz cerimônias, nem perde tempo com pudores. Fala como se as coisas fossem imutáveis e faz perguntas com a maestria de quem sabe as respostas. Postura que sempre impõe um sentimento de dever tão grande que impede qualquer mentira. Até as mentirinhas protetoras, que permitem o mínimo de autopreservação, tornam-se complicadas demais. Irrealizáveis na confusão.

Por muito tempo, mais tempo do que eu gosto de admitir, pensei que as coisas seriam imutáveis. Acreditei que o medo que eu senti quando tudo terminou permaneceria aqui e que ele tornaria tudo estável na minha vida. As coisas se modificaram, mas eu ainda sinto, desde aquele dia (tão remoto quanto a minha existência) , que eu nunca mais terei o que tive com ele.

E quer saber o pior?

Não era nem mesmo amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

De quem vc tá falando??? Algum cachorrinho de estimação???