terça-feira, dezembro 26, 2006

Inquietudes

Estava (estoy) pensando hoje no que cria a identidade humana e que possibilitaria uma ação coletiva, ou, quiçá, um sentimento de coletividade. Esta foi a pauta das minhas últimas conversas de bar e o período solitário das férias tem me ajudado a pensar sobre. Essa fase das minhas férias tem sido deveras produtiva (e engordante, confesso) apesar de que os habituais 30° C reduzem à metade minha já limitada capacidade intelectual.

Tentei encaixar uma porção de características humanas na frase “ser humano é...”. Busco algo mais intrinsecamente humano do que aquela série de conceitos biológicos do qual só os cientistas se lembram. Mamífero, bípede, telencéfalo altamente desenvolvido, polegar opositor... Só recordamos que nada mais somos que animais quando precisamos justificar algo. Uma falha moral, geralmente. (me eximo de discutir moral, ética e valores aqui pra não me perder ainda mais).

Após algumas falácias voluntárias em busca da característica unificadora, da síntese humana, descobri (Ou, conforme espernearia Niezsche, inventei uma verdade cômoda pra saciar minha busca) que o que nos identifica como gente é a crença. As crenças são variadas, lógico, mas são elas que colocam sentido na vida (ou nisso que chamamos genericamente de vida)

As vidas são projetadas para a conquista de um objetivo final que é integralmente baseado naquilo que temos como crença maior, valor central. Acreditar na conquista de algo é o legitima as desventuras diárias.

Talvez essa, que para mim é a característica comum a qualquer homem, seja o que mais nos divide.

Acreditar no dinheiro como valor central (possibilitador de felicidades) e o que legitima uma vida de trabalho ou três combinações diferentes na loteria. Acreditar em outra forma de organização (outro mundo é possível) é o que legitima cada pequena luta.

De novo.

É engraçado como eu sempre me perco na linha disforme do meu raciocínio.



TRE
BUCHET a fonte do futuro.

domingo, dezembro 24, 2006

Três moças e o Natal

-A gente podia abrir um vinho, né?
-Boa
...

Ouve-se da cozinha:
-Poutz! Tem rolha. E Agora?

Pausa, procura-se o saca-rolha.

...

..

.

As outras se reúnem na cozinha ao som dos primeiros “não vai”, “não entra”.
-Tenta aí.

As três se revezam, e só a mais velha consegue algum avanço.

-Pronto! Agora é só puxar.
-Puxa aí.
-Tenta você.
...

-Espera. Segura a garrafa que eu puxo.
-Tá!

-Ei. Vai espirrar em mim.
-É só puxar pra cima.
-Eu tenho medo.
-Eu também.
...

-É! Ta saindo.
-Ham... err... Na verdade, não.

-Tá, tá. Já sei. Senta e coloca a garrafa no meio das pernas. Daí você puxa pra cima.
Vai ser mais fácil!
- Arrrrr

-Isso, isso. Senta aqui.
-É, e enrola isso na garrafa pra não gelar suas pernas.
-Tá pronta?
-Tô.
-Espera, espera! Vou ajudar a segurar a garrafa.

*PLOC*

-Eeeeee!!
-Pega os copos!
-Esse vai ser o melhor vinho da minha vida!
-Vamos brindar!
-À emancipação feminina e a nossa independência dos homens para abrir garrafas de vinho!
- Ao Natal!

*TIM-TIM*

-Pô, é cooler. Bebida de mocinha, ein.
-O que é que você queria? Rum?

terça-feira, dezembro 19, 2006

não sei.


Perguntaram por aí se meu blog havia morrido e por alguns dias (não aqueles, nem os últimos) eu achei que o motivo pelo qual cismei de inventá-lo havia, sim, ido embora. Se as misérias não haviam sido extintas, estavam, ao menos, no meio do processo. Tal qual as tartarugas da Amazônia. Havia esquecido que isso que nós torna humanos é exatamente o remoer sem fim. Se não remoemos relacionamentos passados, remoemos projetos ou idéias passadas. Se não nós irritamos com a correria, é o marasmo que perturba.

Eu sei que são linhas bastante simplistas. Psicologia barata do eterno descontentamento humano.

Sua mãe te diz isso há anos e nunca precisou de um blog.

Há uma frase em um muro em frente do qual eu passo todo dia dentro de um ligeirinho. É uma dessas frases simples, com moralismo meio boboca, mas eu gosto. Acho que é cheia de significados obscuros mais complexos e é meu divertimento maior rele-lo, todo dia com um significado: “Você se enche de muitas coisas e continua vazio?”.

É isso, não é?